Quase nove anos após a tragédia de Mariana, que devastou a região após o rompimento das barragens da Samarco em novembro de 2015, o tão esperado acordo de reparação dos danos está previsto para ser assinado até o final de outubro de 2024. A informação foi confirmada pelo governador do Espírito Santo, Renato Casagrande, após reunião com o ministro da Casa Civil, Rui Costa.
Casagrande, que vem criticando publicamente a morosidade do processo de reparação, destacou que as negociações com o governo federal avançaram nas últimas semanas. “Conversei com Rui Costa, e o processo está caminhando. A expectativa é de que a assinatura do acordo aconteça até o final de outubro, ainda sem uma data específica”, afirmou o governador. Ele também reforçou que, após quase nove anos desde o desastre, o fechamento desse capítulo não pode ser mais adiado.
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Reparação Financeira de R$ 160 Bilhões
O acordo envolve as mineradoras Vale, BHP e a própria Samarco, responsáveis pela tragédia que liberou uma enxurrada de lama tóxica, destruindo comunidades e impactando severamente o meio ambiente, além de poluir o rio Doce, que abastece diversas cidades em Minas Gerais e no Espírito Santo. Segundo Casagrande, o valor total da reparação será de aproximadamente R$ 160 bilhões, somando R$ 100 bilhões em novos recursos a serem pagos ao longo de 20 anos, além de R$ 37 bilhões já aportados nos últimos anos e R$ 21 bilhões em obrigações assumidas anteriormente.
O governador do Espírito Santo ainda enfatizou a importância de garantir que parte desses recursos seja destinada a investimentos em infraestrutura. “O Estado está tentando incluir no acordo a autorização para usar parte dos R$ 100 bilhões de dinheiro novo na ampliação da BR-262, uma rodovia fundamental que conecta o Espírito Santo a Minas Gerais”, afirmou.
Um Processo Demorado e Dificuldades na Reparação
O processo de reparação dos danos da tragédia de Mariana, que devastou vilarejos, deixou mortos e impactou severamente o meio ambiente, tem sido longo e conturbado. A lentidão do ressarcimento, que já se arrasta por quase uma década, foi alvo de duras críticas, não apenas de autoridades do Espírito Santo, mas também de movimentos sociais e das famílias afetadas.
O rompimento das barragens em Mariana foi um dos maiores desastres ambientais do Brasil e, até hoje, a recuperação das áreas atingidas e das comunidades afetadas está longe de ser concluída. A lama tóxica atingiu centenas de quilômetros, poluindo rios e destruindo a fauna e a flora local. Milhares de pessoas foram diretamente impactadas, muitas ainda aguardando compensações e reassentamentos.
Esperança para o Fim do Processo
Para o governo do Espírito Santo, que também foi afetado pelos impactos do rompimento, o acordo de Mariana representa a esperança de encerrar um ciclo de dor e destruição. Os recursos provenientes do acordo serão fundamentais para financiar ações de recuperação ambiental, reassentamento de famílias e investimentos em infraestrutura nos estados atingidos, como o Espírito Santo e Minas Gerais.
Além das questões ambientais, a tragédia de Mariana levantou importantes discussões sobre a segurança nas operações de mineração no Brasil. Desde então, a legislação sobre barragens e a fiscalização dessas estruturas passaram por revisões, mas ainda há desafios significativos para garantir que desastres dessa magnitude não voltem a ocorrer.
Com a expectativa de assinatura do acordo até o final de outubro, o foco das autoridades estaduais e federais agora é assegurar que os recursos sejam devidamente aplicados nas áreas mais afetadas e que a população impactada receba a devida reparação.
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