Um adolescente de 14 anos, morador de Vila Velha, foi denunciado pelo próprio pai por envolvimento em atividades relacionadas ao nazismo e supremacia branca.
O jovem fazia parte de um grupo de aproximadamente 30 pessoas que promoviam ideais nazistas por meio de um grupo de WhatsApp, onde os idiomas predominantes eram inglês e alemão.
Segundo informações da Polícia Civil, o pai do adolescente registrou um boletim de ocorrência em fevereiro, após descobrir o envolvimento do filho no grupo.
O delegado Brenno Andrade, chefe da Divisão Patrimonial (DRCCP) e titular da Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes Cibernéticos (DRCC), explicou que a investigação começou com a denúncia do pai, levando à descoberta de materiais armazenados no dispositivo eletrônico do jovem.
Confissão e Motivação
O adolescente foi intimado e, ao chegar à delegacia, confessou sua participação no grupo. De acordo com o delegado, o jovem inicialmente se interessava pelo nazismo de maneira histórica, mas seu envolvimento foi se aprofundando após um incidente na escola.
“Ele relatou que começou a adorar o nazismo e a supremacia branca depois que um colega negro discriminou outros alunos brancos”, explicou Brenno Andrade.
A mãe do adolescente, que é separada do pai, vendeu o celular do filho como forma de punição após descobrir os arquivos relacionados ao nazismo.
No entanto, durante uma busca realizada em setembro, a polícia encontrou um novo aparelho com mais arquivos de conteúdo nazista, indicando que o adolescente continuava envolvido com o grupo.
Materiais Nazistas e Ação Preventiva
Durante a busca na residência, a polícia encontrou bandeiras e quadros com referências ao nazismo e ao líder do Partido Nazista alemão, Adolf Hitler.
Brenno Andrade destacou que a ação foi conduzida de forma preventiva, com o intuito de avaliar se o adolescente tinha intenções de cometer ataques ou outros atos violentos, especialmente em escolas.
“A investigação preventiva é crucial para evitar tragédias que possam colocar em risco a vida de várias pessoas”, enfatizou o delegado, acrescentando que a importância desse trabalho é tão relevante quanto o combate a homicidas e traficantes.
Segundo ele, impedir que jovens se envolvam em crimes de racismo e ideologias de ódio pode evitar futuros ataques que afetariam inocentes.
O Papel das Redes Sociais
O delegado também revelou que o adolescente foi introduzido ao grupo de WhatsApp após descobrir um perfil em uma rede social, o TikTok.
A interação com um usuário dessa plataforma levou o jovem a ser incluído em um espaço virtual onde o nazismo e a supremacia branca eram amplamente discutidos e estimulados.
Acompanhamento Psicológico e Consequências
Após a denúncia, o adolescente iniciou um acompanhamento psicológico, mas, devido a dificuldades financeiras, o tratamento foi interrompido após três meses.
O delegado destacou que o adolescente confessou nutrir aversão a judeus, embora tenha afirmado não ter planejado nenhum ataque. Mesmo assim, Brenno Andrade ressaltou a importância de um acompanhamento psicológico contínuo para evitar que o jovem seja influenciado por grupos extremistas.
A mãe do jovem também foi ouvida durante a investigação e confirmou que o tratamento psicológico havia sido interrompido.
“É preocupante, pois o acompanhamento psicológico deve ser constante para evitar que esses jovens sejam influenciados por ideologias de ódio”, comentou o delegado.
Alerta aos Pais: Fiscalização é Essencial
O delegado Brenno Andrade fez um apelo aos pais para que fiquem atentos ao comportamento de seus filhos e monitorem o uso de dispositivos eletrônicos.
Ele destacou que muitos jovens são atraídos para grupos extremistas por meio da internet, e que a vigilância dos pais é uma medida preventiva essencial.
“Os pais devem ficar atentos ao que seus filhos estão consumindo nas redes sociais e fazer vistorias periódicas nos telefones. Muitos casos como este começam com interações online, que podem parecer inofensivas no início, mas evoluem para algo perigoso”, alertou o delegado.
Desdobramentos Legais
O caso foi encaminhado para a Vara de Infância e Juventude como crime de racismo, previsto pela legislação brasileira.
Embora o adolescente não tenha envolvimento com violência direta ou grave ameaça, ele permanece sob investigação, e a polícia continua acompanhando o caso para garantir que não haja riscos de ações mais graves.